domingo, 22 de agosto de 2010

Uma decepção não precisa ser para sempre.

Qual é a influência que eventos que marcaram nossa infância têm sobre a gente? Depende, claro.
Obviamente não estou falando aqui de nenhum trauma sério, desses que deixam rastros pela vida inteira. Estou imaginando as consequências que pequenas coisas do passado trazem para a nossa experiência pessoal. Se você fizer essa pergunta a algum psicanalista, pode se preparar para passar os próximos anos da sua vida deitado em um divã ou confortavelmente sentado em uma poltrona moderninha.

Após algum tempo, você vai descobrir que aquilo que você nem lembrava direito que aconteceu tem algum efeito em quem você é hoje, para o bem ou para o mal. Como nunca fiz análise, não sei como isso se aplicaria às minhas experiências. Mas sou positivo: acredito que qualquer decepção pode ser superada.

É só a gente querer muito, e lutar por isso. Se eu fizesse análise, contaria para minha psicóloga que quando eu tinha 7 anos, era apaixonado por uma linda garotinha da escola. Ela era um ano mais velha, ou seja, nem sabia que eu existia. Mas sempre fui uma criança paciente, sabia que minha hora ia chegar.

Um dia aconteceu uma eleição, concurso, algo assim. Só sei que por alguma razão eu ganhei e fui eleito o ‘príncipe’ da escola. Você imagina o que isso pode fazer com a cabeça de um pirralho de 7 anos?

Acertou. O prêmio me trouxe poder, autoconfiança. Achei que era a hora perfeita para revolucionar minha existência: durante a minha ‘coroação’, tomei coragem e convidei a garota de 8 anos para ser a minha princesa. Enchi o peito, agi como se fosse o herói da história da Branca de Neve.

Ela disse não.

Não sei exatamente que tipo de impacto isso teve na minha vida. Provavelmente nenhum, já que a única pessoa que se lembrava disso era a própria garota. Sim, eu a encontrei anos mais tarde, em uma balada. Já éramos adultos, claro. Começamos a conversar, dar risadas e lembrar sobre os velhos tempos. Alguns dias depois, começamos a sair.

O que dizer desse episódio?

Não gosto de usar a palavra vingança porque acho muito forte. Mas confesso que sair com a garota por quem eu era apaixonado quando tinha 7 anos teve um gosto especial, como se o Anderson adulto tivesse provado que era possível superar a decepção do Anderson criança. E ainda dar a volta por cima.

Lembrei dessa história outro dia, nem sei porquê. E sorri, porque vi que coisas que parecem extremamente importantes em algum momento da vida nem sempre resistem ao teste do tempo. Decepções acontecem, mas passam. Ainda bem.

domingo, 8 de agosto de 2010

Correr ou não correr... eis a questão!

Ê vidinha boa essa de solteiro. Badalações, bebedeira, sexo sem compromisso, amigos todo final de semana, aquele rolé de ultima hora sem dar satisfações pra ninguém, aquele final de semana fora da cidade pra recuperar as energias e por ai vai.

Mas acontece com todo mundo, um dia, quando você menos espera, aparece uma pessoa que te agrada, que te conquista a cada dia. Uma pessoa que te faz bem, que sai com você, não importa com suas bebedeiras, nem com sua vida super agitada, e até te acompanha. Vocês se encontram, se falam no MSN, ela te manda mensagenzinhas no celular de boa noite, diz que ta com saudade, que quer te ver, e quando você menos percebe faz o mesmo, retribui tudo com a maior empolgação possível.

Até que chega o momento ‘xis’ da questão: suas badalações já não são sempre as mesmas, até porque você sempre encontra “ELA” na “night” e isso já te deixa mais contido. Barzinhos, cineminha, passam a integrar a sua agenda. E quando rola aquela viagenzinha com a galera, você até topa, mas não desgruda do celular, e fica só imaginando como seria se ela também tivesse ido com vocês…

É parceiro, é com pesar que eu lhe informo que você está apaixonado ! (ok, não é com tanto pesar assim, afinal, se apaixonar também é bom.)
Mas e ai bate aquele medo, e aquele pensamento de quem ESTÁ solteiro: “eu? Largar minha vida de solteiro agora? No auge das minhas badalações?”

Vai fazer o que? Fugir MAIS UMA VEZ (sim, isso já aconteceu antes) do amor, e se afundar nessa vida solteiro de novo ? E aqueles dias em que ninguém topa sair, e aqueles dias em que tudo que você queria era uma cama quentinha e um cafuné bem gostoso?

Caros solteiros, vocês não precisam acabar com a vida social por largar o fardo de solteiro, e agregar ao grupo de namorados apaixonados. Tá, tudo bem que não é a mesma vida, não mesmo. Mas cá pra nós que essa vida de casal tem sim seu encanto. Pode não ser mais encantador que a vida de solteiro, mas é com certeza equivalente.

sábado, 7 de agosto de 2010

Uma questão de gosto...

Dizem que a gente é o que a gente faz, mas acho que o correto seria dizer que a gente é o que a gente... gosta. E o que a gente não gosta, claro. Não estou falando de temas gerais à maioria dos seres humanos, como homens que gostam de futebol ou mulheres que gostam de fazer compras.

Estou falando de gostos pessoais mesmo, aquelas coisinhas do seu dia-a-dia que revelam sua personalidade de maneira muito mais precisa e exata.
Dizer que há gostos que pertencem a uma pessoa só é difícil, quase impossível. Por mais que você se ache solitário na árdua tarefa de colecionar cartões-postais com fotos de pandas pintados como os caras do Kiss, pode ter certeza que há outros como você por aí. É só procurar – isso se você realmente achar que vale a pena encontrar gente assim.

Apesar de não existirem gostos 100% únicos, dá para descobrir muito sobre um homem que a-do-ra se vestir de mulher, por exemplo, assim como é possível ter certeza absoluta de que uma pessoa que gosta de maltratar animais é um idiota. Seguindo essa fórmula – somando o que se gosta e subtraindo o que não se gosta –, chegamos a uma pessoa realmente única: você.

Para tentar comprovar na prática a minha 'teoria dos gostos', resolvi sair por aí perguntando para alguns amigos o que eles gostam e o que eles não gostam. O resultado foi bastante curioso.

Comecei comigo, para evitar críticas. Eu gosto de estudar o comportamento sociobiológico dos macacos. Eu gosto de tocar violão para os meus amigos. Eu gosto de comer pão de queijo assistindo ESPN. Por outro lado, não gosto de chamar uísque de 'uisquinho'. Não gosto de ouvir música sertaneja. E não gosto nem um pouco de sopa de legumes.

Claro que isso não é um resumo completo da minha vida, mas já é um começo. Uma amiga minha disse que gosta de escovar os dentes deitada na cama. Tudo bem. Essa mesma garota não gosta de gente com o cabelo muito arrumado. Tudo bem também.

Não perguntei as razões por trás de nenhum dos dois casos, pois minha teoria não tem a pretensão de tirar empregos de psicólogos e terapeutas. Ela só ajuda a desenhar um perfil de cada um de nós, baseado legitimamente em conceitos puramente emocionais. O que está além, debaixo disso, eu deixo para os profissionais do divã escavarem. Mas se algum desses psicólogos colocar minha teoria em prática, eu quero uma cota de direitos autorais. Afinal, outra coisa que eu gosto é pagar as contas em dia.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Momentos diferentes

Feche os olhos e pense que você está em uma pista de dança lotada. Agora imagine que a noite está ótima, o DJ é incrível, e das caixas de som começa a tocar a maravilhosa 'i gotta feeling', do Black Eyed Peas. Difícil ficar parado, não? Comece então a reparar nas pessoas ao seu redor.

Apesar de estarem todos ouvindo a mesma música, você vai perceber que cada corpo interpreta a melodia de uma maneira única; o cara balança um pouco para cá, a garota rebola um pouco para lá...

Isso nos leva a uma conclusão bastante simples (e a uma bela frase de efeito).

Viver é como dançar: cada um tem o seu ritmo.

Uma outra analogia possível – um pouco mais clichê, é verdade – é o das duas linhas que correm em uma mesma direção. Às vezes o destino faz com que elas se encontrem e sigam juntas; em outras ocasiões, elas chegam a se cruzar, mas se separam logo depois. Quase sempre, infelizmente, as retas seguem a simetria perfeita das linhas paralelas e nunca se encontram.

Deixando para trás a pista de dança e os desenhos geométricos, voltamos à realidade. E, conseqüentemente, a um fenômeno que tenho visto com cada vez mais freqüência: os casais que sofrem porque estão vivendo momentos de vida diferentes. Nesse caso, é algo tão forte que nem importa se os dois estão superapaixonados, pois a força do ritmo pessoal de cada um é maior do que a dos ritmos dos dois juntos. E quando é assim, invariavelmente acontece o inevitável: a separação.

Na prática, é a velha história do cara que está totalmente focado na vida profissional exatamente no mesmo momento em que a mulher sonha em ter filhos e uma vida mais tranqüila; ou aquele conhecido caso da garota que acabou de sair de um relacionamento traumático e se apaixona por um desesperado que quer se casar na semana seguinte. Não é culpa de ninguém, mas do relógio biológico-emotivo de cada um. Não adianta: quando os dois não estão na mesma vibração, tudo conspira contra.

Tem gente que consegue ter o desprendimento (ou uma paixão muito forte) para deixar de lado seu momento e se adaptar ao momento do outro. Será que vale a pena? Para alguns certamente dá certo. Para outros, é apenas uma forma cruel e lenta de assassinar a própria personalidade.

Saint-Exupéry dizia que "amar não é olhar um para o outro, mas olhar juntos na mesma direção". Eu acrescentaria que é bom torcer para as linhas paralelas se encontrarem no momento certo... para os dois.

Gostar, adorar, amar...

Questões semânticas sempre me fascinaram. Tudo bem, o trabalho me obriga a lidar com a escrita no dia-a-dia, mas acho o tema interessante principalmente porque as palavras que usamos dizem muito sobre quem somos.

Já disse aqui que adoro ir a restaurantes e prestar atenção nas conversas de outras mesas. O papo que ouvi outro dia (era um balcão, mas enfim) é a maior prova de que palavras mal escolhidas podem gerar atritos chatos e desnecessários.

Eu estava mordendo o hambúrguer quando ouvi uma menina dizer: 'Como assim, você gosta de mim? Ontem você falou que me adorava! A gente já sai há seis meses e você nunca disse que me ama.' Não lembro exatamente se foi isso, mas foi algo assim.

O namorado não sabia onde enfiar a cara, mas a garota parecia satisfeita com o suposto peso que havia arrancado dos ombros. A bronca, no entanto, ficou parada no ar, sólida como uma nuvem de aço, esperando uma resposta que nunca seria pronunciada.

O cara ficou quietinho, claro. Mas o que o coitado poderia ter dito? Fiquei torcendo para ouvir ‘é isso aí, ontem eu te adorava, hoje fique feliz por eu gostar de você porque você é uma chata’, mas não rolou. É certo obrigar o outro a dizer (ou sentir) alguma coisa?

É engraçado como há diferenças de valor entre as expressões. Quando alguém diz que 'gosta' da gente, achamos pouco. Usamos 'gostar' para coisas que achamos apenas OK, como alguém que diz que gosta da sogra ou de pizza amanhecida no café da manhã. 'Até que eu gostei do novo disco do U2', dizem outros, como se estivessem fazendo um favor. Gostar é coisa do dia-a-dia, é apenas o primeiro passo-sentimento em um relacionamento que não se sabe para onde vai.
Quando falamos 'eu te adoro', a luz amarela se acende dentro do outro.

'Opa, está ficando sério’, costuma-se interpretar. Imagine se você ouve alguém dizer que 'adooora sanduíche de mortadela com goiabada'...eu já penso que esse cara gosta mesmo dessa coisa horrível.

Mas tudo muda quando alguém diz eu te amo. Uau. É algo para se pensar. As pessoas (normais) costumam dizer poucos eu te amo na vida. Quem está do outro lado, portanto, se acha especial.

E tem que se achar mesmo. Às vezes pode parecer impulso, mas acho que todo mundo escolhe o que vai dizer em determinadas ocasiões, principalmente nos momentos mais marcantes da vida. Se alguém ainda não disse ‘eu te amo’, é bom esperar. Ou dizer primeiro, se você não aguentar.